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Seis perguntas importantes sobre o pecado

Texto Básico: 1 João 1.5-10

Texto Devocional: Salmo 51.1-13

Versículo Chave: 1 Jo 1.8
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.”

Alvo da Lição: 
O aluno tomará mais conhecimento do alcance de alguns efeitos do pecado na vida do homem, a fim de buscar maior santidade.

Leitura Diária
S – Rm 9.10-18
T – Rm 5.12-19
Q – Is 1.10-17
Q – Jr 10.7-12
S – Hb 12.4-13
S – Lc 18.9-14
D – Rm 1.18-32

O pecado não é problema de um indivíduo apenas, mas de todos os seres humanos. Podemos afirmar que não existe pecado cujas causas não estejam na humanidade inteira e cujas consequências não atinjam toda a humanidade. Temos estudado o homem como pecador, e demonstrado não só que o homem todo é pecador, como também que todo homem é pecador. Nesta lição, trataremos de responder algumas perguntas importantes que demonstram o alcance do pecado e alguns dos seus efeitos na vida do homem.

I. O que é o pecado original? Por que somos culpados pelo pecado de Adão?

Há alguns anos, uma empresa alimentícia lançou uma campanha de marketing com uma pergunta: “Nosso produto é fresquinho porque vende mais, ou vende mais porque é fresquinho?”

Assim, perguntamos: “O homem é pecador porque comete pecados, ou comete pecados porque é pecador?”

As Escrituras atestam que todo ser humano, qualquer que seja a idade, raça, nacionalidade, está desqualificado desde o seu nascimento e tem uma natureza decaída por causa do pecado de Adão e Eva.

Todos nós herdamos uma natureza pecaminosa, uma terrível inclinação para o pecado (1Jo 1.8-10; Sl 51.5).Em todos os lugares encontramos pessoas violando os padrões morais, éticos e espirituais estabelecidos. Ninguém os guarda perfeitamente (Rm 5.12-19; 3.10-18).

Chafer assinala que “O termo ‘pecado original’ carrega consigo duas implicações: (1) o primeiro pecado da raça, e (2) o estado do homem em todas as gerações subsequentes como resultado do pecado original”. Talvez um termo melhor para designar este fato seja “pecado herdado”, ou “corrupção hereditária”. Como consequência da queda, todos passamos a ser pecadores. Uma simples observação da natureza humana nos ajuda a verificar que não é necessário ensinar uma criança a pecar.

O texto de Romanos 5.12-19 apresenta-nos uma explicação bem clara do assunto.

1. “Por um só homem entrou o pecado no mundo”

Adão é o introdutor do pecado na raça humana. Há uma ligação clara entre o pecado de Adão e o da raça humana.

2. “Por que todos pecaram”

A expressão é conclusiva ao analisar a morte como realidade presente na experiência de todos, morte que sobreveio por causa do pecado. Se todos morrem como consequência do pecado, a conclusão óbvia é que todos receberam os efeitos do pecado de Adão.

3. “Ofensa de um só”

“Uma só ofensa”, “Pela desobediência de um só homem”. A incidência destas expressões (v.15,17,18 e 19) deixa bem claro que há uma ligação entre o pecado de Adão e o estado da raça humana.

4. O contraste entre Adão e Cristo, no texto, é notável

Os efeitos da obra de Cristo caem sobre os que creem, da mesma maneira que os efeitos da obra de Adão caíram sobre toda a raça. Se há os efeitos benéficos da obra de um só, Jesus Cristo, (argumento segundo) é porque houve os efeitos negativos da obra de um só, Adão (argumento primeiro). Se for injusto sofrermos as consequências, é também injusto Cristo nos justificar.

Conclui-se que o pecado é uma “doença hereditária”, e a vontade do homem não pode curá-lo.

II. Existem níveis de pecado? Qual é o pior de todos os pecados?

A Igreja Católica Romana historicamente faz diferença entre pecado mortal e pecado venial, o que significa que alguns pecados são mais hediondos que outros. Pecado mortal é assim chamado porque é suficientemente sério para destruir a graça salvadora na alma. Ele mata a graça, e por isso é chamado mortal.

Este conceito foi rejeitado pelos reformadores protestantes do século XVI, uma vez que todo pecado é mortal no sentido que merece a morte, mas nenhum pecado é mortal, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo (sendo este o pior dos pecados), no sentido de que ser capaz de destruir a salvação que Cristo adquiriu para nós. Todavia, os reformadores não negaram a existência de graduações de pecado.

Há mais de uma forma de se observar os níveis de pecado existentes.

1. Não…e sim!

a) Culpa Legal – Neste sentido, a resposta é não. Todo pecado, por mais leve que seja, é igualmente sério e nos torna legalmente culpados diante de Deus, pois é uma transgressão da lei e uma ofensa ao Legislador, Deus (Tg 2.10-12)

b)Consequências Legais – Neste sentido, a resposta é sim. Todos reconhecemos que há diferença entre um assassinato e uma calúnia. Até mesmo um assassinato pode ser classificado de culposo (não intencional) ou doloso (intencional). Em Israel, aquele que cometia homicídio doloso deveria ser morto também. Para o que cometia homicídio culposo, havia as cidades refúgio até que fosse julgado (Nm 35.9-21). Os pecados por ignorância eram punidos com menos severidade (Lv 4.2,13,22).

2. Níveis de pecado no Novo Testamento

a)Uma referência ao traidor que entregou Jesus à morte – “Quem me entregou a ti maior pecado tem” ( Jo 19.11).

b)Sugere que se há mandamentos maiores e menores, há pecados piores que outros (Mt 5.19; 23.23).

c)Sugere também que os mestres, aqueles que ensinam, ao cometerem algum pecado deliberadamente, receberão maior juízo por causa do dano que podem causar à reputação do evangelho (Tg 3.1).

Portanto, podemos afirmar que em termos de culpa, todo pecado é sério, mas, em termos de consequência, os pecados podem ter efeitos diferentes.

III. Como perdoar a mim mesmo, depois que Deus e o próximo já me perdoaram?

Em Jeremias 31.34, Deus lembra Seu povo que jamais o trataria de acordo com seus pecados e suas iniquidades, pois Ele já tinha concedido Seu perdão. Em 1João 1.9 temos uma das mais graciosas promessas de Deus para os Seus filhos. Portanto, se Deus, Juiz da mais alta corte do universo, nos pronuncia livres da culpa, que direito temos nós de nos assentar num tribunal infinitamente inferior e, em nosso coração, anularmos a sentença de Deus? Embora racionalmente haja a compreensão de que Deus perdoa, emocionalmente muitas pessoas apresentam dificuldades em perdoar a si próprias. Quando isso ocorre, deve-se procurar ajuda com o pastor ou psicólogo cristão, para tratar o motivo dessa atitude. Assim, o salvo usufruirá o alívio de não sentir mais culpa pelos pecados já confessados.

IV. Nosso desejo de não pecar é realmente honesto?

Alguns de nós sabemos que, a fim de prosseguir com Deus, muitas vezes é preciso ir contra os nossos desejos e pensamentos, deixando a cruz de Cristo intervir e silenciar aquele apelo das nossas vontades. O autor da carta aos Hebreus nos chama a resistir ao pecado que tão facilmente nos persegue, e nos adverte a tentar superar tais pecados com mais empenho (Hb 12.4). O apóstolo Paulo descreve sua experiência usando uma ilustração esportiva (1Co 9.24-25) e nos ensina que a luta pela santificação é difícil, mas a vitória é possível.

1. Precisamos praticar os exercícios de domínio próprio (1Co 9.25)

“Todo atleta em tudo se domina”. Desta expressão vem a palavra agonia. Este domínio exige esforço, fazer o máximo possível, dar duro. Não é um esforço frouxo, mas determinado. Precisamos identificar em nossa vida aqueles desejos e atitudes que não conseguimos conter e colocá-los diante de Deus, abandonando-os.

2. Precisamos idealizar o objetivo (1Co 9.26)

Paulo sabia onde estava a faixa de chegada. Para ele, o objetivo era estar face a face com o Senhor, na eternidade. E lá ele mantinha os seus olhos, por isso, o desprendimento dos próprios interesses. Ele sabia qual era o seu alvo. Foi essa convicção que fez com que o apóstolo afirmasse em Filipenses 3.14 “prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.

3. Precisamos morrer para nós mesmos (1Co 9.27)

Há uma ênfase na forma como Paulo trazia a sua carne, isto é, os seus desejos carnais, em sujeição total. Ele não queria ser desqualificado, o que não significa perder a salvação – significa chegar ao final da corrida, mas não receberia a sua coroa.

Segundo R.C. Sproul, se o desejo de não cometer o pecado é realmente honesto, estamos com 90% do caminho percorrido. Precisamos reconhecer o fato de que há um conflito de interesses entre o que queremos fazer e o que Deus deseja que façamos.

V. Pessoas de moral muito elevada também são pecadoras?

Muitos têm sido enganados ao pensar que pessoas de moral muito elevada não são pecadoras. Após a queda, Adão gerou filhos e filhas conforme à sua imagem e semelhança (Gn 5.3), ou seja, caídos. A partir de então, toda a humanidade nasceu fora do Éden, símbolo da comunhão com Deus. Em Romanos 3.23, Paulo afirma que todos pecaram. O pecado, sem distinção, alcançou a todos.

A conclusão de Jesus na parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14) é que o fariseu, de elevada moral aos seus próprios olhos, voltou para casa sem justificação. Seu deus era ele mesmo.

Infelizmente, o antropocentrismo difundido por algumas correntes da psicologia e da sociologia minimizam ou negam a questão do pecado. Isso é como quebrar um termômetro que registra a febre para ver se abaixa. Negar o pecado não cria um homem melhor, apenas produz uma sociedade amoral, o que é pior que uma sociedade imoral.

VI. O que significa dizer que Deus entrega pecadores às suas paixões? (Rm 1.24, 26 e 28)

O que é necessário para que o pão endureça? Nada. Basta que não tomemos os cuidados pertinentes, deixando-o, naturalmente, ao ar. De forma semelhante, para que o homem obstinadamente endureça seu coração ao conhecimento e à graça de Deus, basta deixá-lo em seu estado pecaminoso natural. Observe que isto implica atividade e passividade de Deus. Deus é ativo ao deixar pecadores em seu estado natural. Deus é passivo por não precisar fazer nada para que sigam os caminhos do coração deles e se entreguem aos seus desejos.

Aqueles que estão perdidos aproveitam para sempre da liberdade que sempre pediram, e, portanto, se fazem escravos de si mesmos e do pecado. O Senhor permite que sigam seus caminhos, a fim de que vejam a futilidade do “modus vivendi” sem Deus, uma vez que a mente deles é desqualificada, debilitada, corrompida, inadequada e propensa ao mal. (Exemplos: Gn 6.3,5; Êx 7.3; cf. 7.13)

Conclusão

Os cristãos não são apenas “pessoas boas”; são, ou supõe-se que sejam, pessoas novas. Que estas perguntas não produzam apenas reflexões sobre o pecado ou o pecador, mas um progressivo crescimento de nossa santidade. Que não nos tornem apenas conhecedores da Palavra, mas operosos praticantes, que manifestam, através de atitudes e ações, a nova vida que agora temos pela fé no Filho de Deus.

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